segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Vela



Na escuridão do meu ser
Incapaz de conceber
Qualquer figura nesta tela
Acendeu-se uma breve vela
Que iluminou estes momentos...

Esta realidade reinventada
Permitiu aos meus sentimentos
Tornarem seus vagos pensamentos
Que transformei em palavras...

Mas agora, nas sombras do seu antigo brilho,
Resta uma chama exausta
Sem espaço para continuar a queimar
O tempo que a alimentara...

Cedo estarei
Mergulhado nas trevas da impossibilidade,
Sem tempo para dar continuidade
A este legado que criei...

Desculpa...

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Antes

Antes que este dia encontre o seu fim,
E que passe outro sem te ter a meu lado,
Antes que, mais uma vez, fiques longe de mim...
Deixa-me dizer-te algo...

Antes deste sopro de vento
Levar os meus pensamentos
Para o mais escondido recanto
Do teu doce sonho
Tenho que dizer...

Antes que passe outro momento
Sem que me perca no teu olhar,
Antes que passe mais tempo
Deixa-me explicar...

Amo-te...

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Vento protector

Enquanto a lua estende o seu manto
De luz sobre a terra dormida,
Sou eu quem vagueia
Nas sombras deste mundo...

Sente esta brisa, amor,
E sentir-me-às perto
Atento,
Pois hoje sou teu protector...

Não temas o escuro
Nem este silêncio
Fui eu
Que juntei o luar
Com um pouco deste vento
E o soprei para ti,
Para que possas dormir
E sonhar
Sem nada perturbar...

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Tédio...

Tédio que queima
Todos os meus momentos
Quando não estou a teu lado...

E nas cinzas restantes
Uma réstia de mim foge
Da nuvem de fumo queimado,
Uma sombra envolvente,
Persistente,
Dormente...

Mas não consigo uma evasão,
Inalo este estranho aroma
E, lentamente, sucumbo
Até tocar o chão
E dormir nesta minha condição
De condenado ao sono acordado...

Recobro as forças
E parto para os teus braços...
Peço o teu perdão
Por trazer comigo esta escuridão
Que me envolveu na sua dança fatigante...

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Perda...

Perdeu-se...
O tesouro mais valioso,
A memória eterna
Do encontro após a longa espera...

Desvaneceu,
A esperança morreu,
Um bocado da minha alma
Deixou de existir...

O guardião falhou,
Tudo pelo que lutava terminou
Num lapso de tempo mortal...
Agora resta repousar
Neste sono final...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Um ano depois...

Num ano vivi mais
Que no resto da minha vida...
Sinto que renasci,
De uma existência esquecida,
Graças a ti...

Agora, sei que não estou só,
Estás a meu lado...
Sinto como estamos ligados,
Os dois somos um único e eterno ser
Com uma fúria de viver
Tão forte como este amor que nos une...

Amo-te muito Sandra, obrigado por me teres acordado,
Por seres tudo o que alguma vez podia ter desejado,
Por me mostrares que a realidade pode mudar,
Que um sonho se pode realizar,
E por seres toda a minha razão de viver...

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

O meu último dia de inexistência...

Mergulhava
Num poço sem fundo,
Um abismo absoluto
De dor e angústia,
Enquanto o meu mundo se desfazia...

Do que construi
Apenas restavam ruínas...

Assim, desesperado,
Fechava o olhos e gritava,
Como se alguém se importara
Pelo meu grito longínquo.

Era tudo assim... Há um ano atrás...

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Sombras

Tenebroso mundo sombrio
Para onde a minha consciência fugiu...

Esta escuridão
Confunde,
E na sua ilusão
Tenho sempre a sensação
Que algo esconde...

Mas nada mais que silhuetas
Rápidas e passageiras
Consigo distinguir
Na escuridão que me envolve...

E é nesta passadeira de horrores,
Neste mundo frio e sem cores
Que passeio diariamente
Rapidamente
E assustadoramente só...

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Espera...

Eterna espera,
Que algo aconteça,
Que tudo mude...

Que a suprema felicidade
Se apodere das nossas existências
E nos torne em deuses...

E aqui continuamos,
Sem mais pelo que esperar, esperamos...
Por ti, por mim
Por todos e por ninguém,
Pelo passado revivido,
Pelo futuro antecipado...

Longe, cansado, perdido...

Estou cansado,
Terrivelmente cansado
De corpo, alma e mente...

Chega a hora de regressar à minha gente,
A esta terra distante
Tão longe que nunca sei se cheguei,
Sempre tão igual ao que cá deixei...

Nestes escassos meses passaram anos
De preocupação por esta minha casa...
Parece que parte do que ganhei
Foi cá perdido, e este perdido

Nunca mais se recuperará...