terça-feira, março 29, 2005

Porquê?

Porque nenhum caminho
Me leva onde preciso?

Porque todos
São desconhecidos?
Onde estão os amigos
Que gastavam tempo comigo?

Porque todas as horas
São aborrecidamente iguais,
Todos os momentos banais,
Sem nenhum significado?

Porque todas as piadas
Aplaudidas pelos mais exigentes
Que rebentam com gargalhadas
Me deixam indiferente?

Porquê?

Porque estás longe...

quarta-feira, março 23, 2005

Outro

Espero
Na minha nova vida,
Existência invadida
Por momentos perdidos...


O vento
Desfez a essência do meu ser,
Sinto-me outro qualquer
Que não eu...
Era, fui
Com o tempo
Adormeci...

Enfim, desespero
Por algo que termine
Esta noite desfeita...
Estou só, na companhia
Da quente multidão fria
Que aquece a noite...

Sim, porque esta será sempre fria
Quando estou longe de ti...

segunda-feira, março 14, 2005

(Nossa) Noite Escura...



No seio da noite escura
Os mistérios terminam,
Pois todas as perguntas
Resolvidas no teu olhar
São visíveis à luz do luar...

Enquanto o sonho perdura
E há tempo para sonhar
Deixa-me admirar
A perfeição
A ilusão
Desta noite a teu lado...

Amanhã posso estar afastado
Mas não temo
Pois hoje sei
Que jamais encontrarei
Distância capaz de nos separar...

Basta mergulhar num sonho,
Seja uma planície calma
Ou uma escarpa abissal
Sei que me irás amparar...

quinta-feira, março 10, 2005

Perdido

Onde estou?
Longe,
Afastado,
Cansado,
Assustado...

Onde estás?

domingo, março 06, 2005

Lago de perfeição



Como se tudo, em ruínas, caí-se
Excepto a minha casa, só, na planície
Irreconhecível... Toda a poeira imunda
Que a cobria fora lavada
Pela água pura
Que agora a inundava...

Criado pela etérea luz
Deste brilhante luar,
O magnífico lago
Transformara a desoladora paisagem
Na mais vela miragem
Que alguém podia sonhar...

E no doce vento
As tuas palavras
Pareciam parar o tempo...

Senti a tua mão
Na minha
E a escuridão
Banida das nossas almas
Pelas ondas calmas
Do nosso sonho de perfeição...

quarta-feira, março 02, 2005

Dia frio

Dia frio
De gélido inverno,
Afastado do teu terno
Olhar, sinto-me vazio
Vago, apenas funcional,
Tal como
Que roda sem questionar
Para não deixar o relógio perder um minuto...

Minutos? Já não sei quantos
Perco eu em busca de outros tantos
Para fugir desta monótona
Vida morta
E pedir o teu sopro vital...

Apenas desejava poder estar
Sempre a teu lado
Sem sentir nenhum intervalo
Capaz de nos separar...

Amo-te muito...

terça-feira, março 01, 2005

Onda sombria

Admiravas esse mar
De águas turvas
Onde conseguiam flutuar
Imagens confusas...

Nada me atormenta mais
Que a ideia de ter perder,
Mesmo assim, não percebi
O que estava prestes a acontecer...

Uma negra onda chegara antes
Que te pudesse avisar...
Carregada de sombras distantes,
Adulterada pelos choros de um mortal,
Ocultara-se num pouco de névoa matinal...

E com ela, um fantasma
Que te atormentava...
Só te queria salvar...

Enquanto te escondo nos meus braços,
Onde não te pode tocar,
Espero pela luz
Deste sol que se irá erguer
E obrigar o fantasma a desaparecer...